ASSIM É O AMOR
Andasse sobre pedras; pés descalços,
Sentindo a dor que entranha lentamente,
Os raros diamantes; sei que falsos,
Inútil então lavrar podre semente.
Arrasto-me entre as folhas; armo o bote,
De nada; a minha vítima suspeita,
Até que a imensa fome enfim se esgote,
Minha alma de teu sangue se deleita...
Há mais de mil milênios é assim,
A presa sob o olhar do predador.
Serpente ainda habita o meu jardim,
E vive dentro em mim, sem ter pudor...
Este ato eternamente se renova,
Quando a alma, novo amor, espreita e prova...
MARCOS LOURES
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